Flower Tower Aurora by Time Out
Leça da Palmeira é o equilíbrio perfeito entre natureza, lazer e boa gastronomia. Das praias aos jardins frondosos, passando por bares à beira-mar e restaurantes que combinam tradição e inovação, é um destino para aproveitar em qualquer estação do ano, para visitar ou chamar de casa.
Farol de Leça
Vamos aos números: tem 97 anos, 46 metros de altura, 3,5 metros de diâmetro e está 57 metros acima do nível do mar. É o segundo farol mais alto dos 30 faróis que existem no país e foi o último a ser construído em Portugal Continental. Começou a funcionar em 1926 e foi recebendo sucessivas melhorias ao longo dos anos. Em 1950, por exemplo, foi-lhe instalado um ascensor para acesso à torre. Intervenção bastante
útil porque a construção possui, ao todo, 225 degraus. Catorze anos mais tarde, o farol foi ligado à rede eléctrica de distribuição pública e recebeu uma lâmpada de 3000 watts que permitia um alcance luminoso de 60 milhas náuticas, ou seja, mais de 110 quilómetros. No final dos anos 70 a potência foi reduzida e hoje a sua luz branca chega até 28 milhas náuticas (52 quilómetros). Distingue-se também dos outros faróis pelo seu sinal luminoso característico: três lampejos luminosos de 14 em 14 segundos.
Igreja Paroquial de Leça da Palmeira
Feita em pedra ançã, uma pedra calcária de cor clara, muito comum na região de Cantanhede, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se encontra exposta na igreja paroquial de Leça da Palmeira, é uma das mais importantes obras de arte da freguesia. Tem quase dois metros de altura e foi feita em 1483 pelo mestre conimbricense Diogo Pires, “O Velho”, considerado o último grande escultor português de arte gótica. Encomendada por D. Afonso V, retrata a Virgem Maria com o Menino ao colo e custou, na altura, 23 mil réis.
A Linha do Mar
Na marginal desenhada por Siza Vieira apareceu, em 2019, uma peça escultórica do artista plástico e pintor Pedro Cabrita Reis, um dos principais embaixadores do movimento neo-minimalista em Portugal. Chamada A Linha do Mar, é composta por cinco grupos de vigas de ferro pintadas de branco. Tem 40 metros de extensão e sobre vigas horizontais estão dispostas vigas verticais de diferentes tamanhos. Apresenta-se como sendo uma “nova perspectiva sobre a linha de horizonte do mar”. Envolta em polémica – a autarquia de Matosinhos pagou mais de 300 mil euros pela obra –, foi vandalizada poucos dias depois da sua inauguração. Limpa e recuperada, hoje instiga menos revolta nos habitantes que a usam como ponto de descanso enquanto passeiam pela marginal.
Rochedo da Praia da Boa Nova
Cravado num rochedo da Praia da Boa Nova está parte de um soneto de António Nobre, o poeta mais amado da localidade. Nascido no Porto, na Rua de Santa Catarina, em Agosto de 1867, seria em Leça da Palmeira que passaria a infância e a adolescência, onde o pai, emigrado do Brasil, tinha uma quinta. Foi aqui que o autor de Só compôs grande parte da sua obra poética e Leça não se poupou a homenagens.
Ao soneto gravado na pedra – “Na praia lá da Boa Nova, um dia/ Edifiquei (foi esse o grande mal)/ Alto Castelo, o que é a fantasia,/ Todo de lápis-lazulli e coral!” – somam-se ainda as esculturas do escultor Barata Feyo, de 1974, representando o poeta e as suas musas inspiradoras;
um busto do poeta no Largo António Nobre, adjacente à rua onde este terá vivido; um jardim com o seu nome; e ainda um monumento desenhado por Álvaro Siza Vieira perto da praia da Boa Nova.
Marginal de Leça da Palmeira
Um passeio à beira-mar não só exercita o corpo, como relaxa a mente. O oceano tem um efeito terapêutico e são muitos os moradores e os passantes que se servem da marginal de Leça da Palmeira, projectada por Siza Vieira e inaugurada em 2005, para as suas caminhadas diárias. Com percursos pedonais e rodoviários e bem integrada na paisagem, é comum ver por lá pessoas a correr, a passear os animais de estimação, a fazer piruetas de patins nos pés ou a andar de bicicleta ou de trotinete, opções mais sustentáveis de locomoção, já que a freguesia possui ciclovias e dispõe de serviço de transporte alternativo. Ao fim-de-semana, aventure-se e percorra os mais de dez quilómetros junto ao mar que ligam Leça a Angeiras. Parte do percurso é feito em passadiços sobre as dunas, bom para encher as redes sociais de corações e os pulmões de ar puro.
Museu da Quinta de Santiago
A Casa de Santiago, desenhada pelo arquitecto italiano Nicola Bigaglia e concluída, possivelmente, no final do século XIX, foi a residência da família Santiago de Carvalho. Com o objectivo de preservar e divulgar a memória histórica de Matosinhos e de Leça da Palmeira através da arte, em 1996 foi convertida em museu. Este pode ser visitado de terça-feira a domingo, entre as 10.00 e as 18.00. No piso térreo da casa que pertenceu a esta família burguesa vai encontrar uma cozinha e uma carvoaria. No segundo andar, junto à entrada principal, dois salões, uma sala de jantar e um jardim de Inverno, zonas que estariam destinadas à recepção de visitas. No terceiro piso, onde antes ficavam os quartos, encontram-se hoje as exposições de arte do museu e, por fim, as águas furtadas com as acomodações dos criados. Nos jardins deve também visitar o Espaço Irene Vilar, onde eram as antigas cavalariças, que inclui um auditório e áreas onde acontecem as oficinas dos serviços educativos do museu. Não saia sem admirar com atenção a Cascata Gigante. Com 15 metros quadrados, é uma recriação com cerca de 300 peças e bonecos, alguns com movimento, de como seria Leça da Palmeira nos anos 20 e 30 do século XX, altura em que esta era uma importante estância de veraneio.
Forte da Nossa Senhora das Neves
Construído logo após a Restauração da Independência, em 1640, com o objectivo de proteger a costa marítima de ataques espanhóis e de corsários, o Forte de Nossa Senhora das Neves é uma das construções mais emblemáticas de Leça da Palmeira. Esta fortaleza, juntamente com os fortes de São João da Foz e de São Francisco Xavier, mais conhecido como Castelo do Queijo, integrava a linha de defesa da cidade do Porto. Em meados do século XIX perdeu a sua função militar e é hoje sede da capitania do Porto de Leixões. Mas isso não lhe retirou prestígio, bem pelo contrário. Em 1961 foi considerado Imóvel de Interesse Público, muito por causa da sua estrutura abaluartada com planta de estrela de quatro pontas, protegidas por muralhas inclinadas e guaritas salientes. Apesar de não ser visitável, todos os anos, no mês de Julho e durante a feira d’Os Piratas, abre as portas ao público e nas suas imediações acontecem caças ao tesouro, bailes de máscaras, espectáculos de malabarismo e pirotecnia, julgamentos de piratas, treinos de armas e muitas outras actividades, sempre apoiadas por barraquinhas de comida e de doces alusivos à época.
O Impotente Titã
Quem admira a paisagem costeira de Leça da Palmeira não consegue ficar indiferente ao enorme guindaste que surge recortado no seu horizonte. Em tempos existiram dois, um no molhe norte e outro no molhe sul. O que fica do lado de Matosinhos foi desmantelado para restauro há dez anos, uma operação que não correu bem, desencadeando explosões e um incêndio. São ambos movidos a vapor, deslocam-
-se sobre carris e vieram de Lille, em França, quando o Porto de Leixões começou a ser construído a 13 de Julho de 1884. Ajudaram na construção dos paredões, carregando toneladas de pedras que permitiram a conquista de terra ao mar. Hoje, este guindaste com quase 140 anos e um pouco ferrugento é um símbolo incontornável de Leça da Palmeira e um dos poucos Titãs desta envergadura no mundo. É possível visitá-lo todas as sextas-feiras, sábados e domingos, entre as 10.00 e as 17.00.